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05-06-2025
Exposição │ Manguinhos revelado. Un lugar de ciência
De 17 de junho a 5 de setembro de 2025
Salão de Exposições ETS de Arquitetura, UPV (edifício 2D, andar térreo) Mapa
Inauguração às 12 h.
Casa de Oswaldo Cruz e Universitat Politècnica de València têm o prazer de apresentar a exposição “Manguinhos Revelado: um lugar de ciência”. Essa exposição propõe-se a divulgar um importante acervo documental formado por fotografias extraídas de um conjunto de negativos de vidro do arquivo histórico do Instituto Oswaldo Cruz. Esse acervo se encontra sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz, unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz, dedicada à valorização da memória da instituição, às atividades de preservação do patrimônio histórico e cultural, pesquisa, ensino, documentação e divulgação da história da saúde pública e das ciências biomédicas no Brasil.
As origens da Fiocruz remontam ao Instituto Soroterápico Federal criado em 1900 no bairro de Manguinhos no Rio de Janeiro para produzir soros e vacinas contra a peste bubônica que então assolava o país. Em 1908, já como Instituto Oswaldo Cruz (IOC), nome dado em homenagem ao seu primeiro diretor, transformou-se num dos mais importantes centros de medicina experimental da América Latina. O IOC foi a primeira instituição científica a dar ao país uma reputação internacional, proporcionando os fundamentos para o desenvolvimento sustentável das ciências biomédicas no Brasil na primeira metade do século 20. A Fiocruz hoje se encontra instalada em 10 estados brasileiros e conta com um escritório em Maputo, capital de Moçambique, na África. A instituição desenvolve ações de ensino, pesquisa, inovação, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão no âmbito da saúde.
Os negativos de vidro apresentam em múltiplas imagens as origens da Fundação e o cotidiano das atividades de produção de soros e vacinas, de pesquisa e de ensino desenvolvidas pela instituição entre 1903 e 1946, e também as mudanças na paisagem urbana do Rio de Janeiro nesse período, com destaque para Manguinhos e suas imediações. Além disso, há também registros das expedições realizadas por cientistas de Manguinhos em vários cantos do país.
Por sua especificidade e originalidade, esse acervo pode ser considerado um repositório singular da memória visual da saúde pública no Brasil, tanto por seu valor histórico-documental, quanto por seu valor artístico, na medida em que representa uma referência da técnica e estética fotográficas aplicadas à saúde e à ciência.
A importância desse acervo foi reconhecida em 2012 pelo Programa Memória do Mundo da Unesco. O Fundo de Negativos de Vidro do Instituto Oswaldo Cruz é hoje parte do Patrimônio Documental da Humanidade.
Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917)
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Doutor em Medicina (Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, 1892) Especializado em Bacteriologia (Instituto Pasteur de Paris, 1896) Diretor geral do IOC (1902-1916) Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) (1903-1909) Sob sua liderança no IOC, foram realizadas expedições científicas para estudar as condições sanitárias no interior do Brasil. Reformou o Código Sanitário Brasileiro e reestruturou os órgãos de saúde e higiene do país. |
Carlos Ribeiro Justiniano Chagas (1878 -1934)
Graduado do Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1903. Diretor do Instituto Oswaldo Cruz (1917-1934) Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) (1919 -1926) Em 1909, ele descobriu a doença tripanossomíase americana ou doença de Chagas. Ele foi um dos líderes do movimento sanitário que considerava que o atraso do país era o resultado das doenças endêmicas que assolavam seu interior e defendia que o combate a essas doenças deveria ser uma prioridade para o Estado. |
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Cotidiano de Manguinhos
Desde suas origens, o Instituto Oswaldo Cruz consolidou uma trajetória institucional apoiada nas atividades de pesquisa, ensino e produção de imunobiológicos. Seu serviço de fotografia registrou o cotidiano dessas ações: a pesquisa em laboratório, a produção de soros e vacinas e a promoção de cursos. Visitas de personalidades do mundo científico e político também foram objeto do registro fotográfico e ajudaram a consolidar o prestígio que desfrutava. Essas imagens serviram tanto à constituição de uma memória institucional, quanto a um projeto mais amplo de legitimação do Instituto nas esferas do poder público brasileiro e dos círculos científicos nacionais e internacionais da época.
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Presença feminina nos cursos promovidos pelo IOC. Laboratório de Física e Química para o Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz. Pavilhão Mourisco.1930-1940. | Albert Einstein, em visita ao Instituto Oswaldo Cruz, acompanhado de alguns cientistas do instituto. Entre eles, Carlos Chagas (biólogo e médico sanitarista, 1878-1934), à sua direita, sucessor de Oswaldo Cruz na direção do IOC. Foto J. Pinto. 9 de maio de 1925. |
O desenvolvimento das pesquisas científicas deu origem a uma extensa documentação de pacientes, na forma de retratos, que se articulavam com os prontuários médicos, comprovando o uso da fotografia como forma de registro da evolução das doenças e também dos seus tratamentos.
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Paciente com Doença de Chagas. Carlos Chagas foi o primeiro e único cientista na história da Medicina a descrever integralmente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia. |
Pacientes com Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, nome dado por Carlos Chagas, o descobridor da doença, em homenagem a seu amigo Oswaldo Cruz. |
Paciente com Doença de Chagas. A doença que recebeu o nome do seu descobridor em 1909 é também conhecida como Tripanossomíase americana. |
Manguinhos e a cidade do Rio de Janeiro
A região de Manguinhos vem acompanhando, há mais de cem anos, as transformações do Rio de Janeiro, cidade que não para de se reinventar. Por ser de difícil acesso e ainda pouco habitada, ela se tornava ideal para se trabalhar com soros e vacinas. Em 1900 se instalaria, ali, uma das maiores instituições de saúde da América Latina, a Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz. Manguinhos era acessada apenas por trem ou por meio de pequenos barcos, que volta e meia atolavam em seus mangues, o que explica seu nome. Ao longo do século XX, passaria por uma série de intervenções e alterações, justificadas pela necessidade de sanear e urbanizar os subúrbios da cidade.
Núcleo arquitetônico original de Manguinhos. Nas suas instalações se concentravam, até a década de 1930, as principais atividades do instituto: ensino, pesquisa e produção na área da saúde. Projetado pelo arquiteto português Luiz Moraes Jr. (1867-1955), parte desse conjunto está tombada pelo Patrimônio Federal desde 1981.
Manguinhos e os sertões do Brasil
As viagens dos cientistas de Manguinhos ao interior do Brasil, ocorridas durante as primeiras décadas do século XX, representaram um marco para a pesquisa científica e para o conhecimento do país, associando o ideal civilizatório à proposta de integração dos sertões ao restante do País. Relacionadas às atividades econômicas da época, como a construção de ferrovias, o saneamento de portos e a extração da borracha na Amazônia, promoveram a realização de pesquisas médicas, de higiene e de história natural e ampliaram a atuação do Instituto Oswaldo Cruz no território nacional. O registro fotográfico das expedições é uma contribuição inestimável para elucidar as condições de vida e saúde das populações naquela época, bem como as atividades dos cientistas.
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Expedição do Instituto Oswaldo Cruz ao Ceará e Norte do Piauí. |
Expedição do Instituto Oswaldo Cruz ao Nordeste e Centro Oeste. Mulher com bócio, portadora da doença de Chagas. Goiás, 1912. |
Negativos de Vidro: suportes de memória
Os negativos de vidro foram durante muito tempo o principal suporte utilizado na fotografia científica no Brasil. No Instituto Oswaldo Cruz, seu uso pode ser vinculado à consciência da importância dos registros fotográficos, que não atendiam apenas às exigências do trabalho científico, mas também à constituição da memória da instituição. Tanto pela qualidade dos produtos utilizados em sua confecção, quanto pela estabilidade conferida, os negativos de vidro são considerados, até hoje, o suporte fotográfico que melhor conserva as informações latentes e que menos sofre deterioração com o tempo. Em decorrência, a digitalização desses negativos gera cópias fiéis e que exigem menos tratamento. Essas características conferem aos negativos de vidro uma capacidade de longa permanência, convertendo-os em preciosos suportes de memória.
Gabinete de Joaquim Pinto (J. Pinto) (1884-1951) no Instituto Oswaldo Cruz. O fotógrafo atuou na instituição entre 1903 e 1946.
CRÉDITOS
CONCEPÇÃO │ Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Saúde/Brasil
DIRETOR DA CASA DE OSWALDO CRUZ │ Marcos José de Araújo Pinheiro
CURADORIA │ Aline Lopes de Lacerda · Nezi Heverton Campos de Oliveira · Pedro Paulo Soares
                              Renato da Gama-Rosa Costa · Antoni Colomina Subiela
COORDENAÇÃO TÉCNICA │ Beatriz Doménech · Lupe Navarro · Soraya Laarbi
AUDIOVISUALS │ José Joaquín Lorente
DESENHO E MONTAGEM │ Elena Rabadán · Elisabeth Muñoz · Área de Fondo de Arte y Patrimonio, UPV · Rótulos Perelló
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